quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

ALEMÃES VÃO FERTILIZAR O OCEANO

O Governo alemão deu hoje luz verde a uma missão científica de "fertilização" do oceano com nanopartículas de minério de ferro para avaliar o potencial de absorção de dióxido de carbono, como medida de combate ao aquecimento global.
"Depois de analisados relatórios de peritos estou convencida de que não há qualquer objecção científica ou legal à experiência LOHAFEX", diz um comunicado da ministra alemã da Investigação, Annette Schavan, referindo-se à utilização de minério de ferro para promover o crescimento de fitoplâncton (plâncton vegetal) que por sua vez consome e armazena dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases responsáveis pelo efeito de estufa.
A decisão de Annette Schavan interpõe-se a um diferendo entre os ministérios do Ambiente e da Investigação da Alemanha sobre as consequências e efeitos secundários da técnica de "fertilização", em que o Ministério do Ambiente alegava que a experiência entra em contradição com uma moratória sobre esse método de promover a absorção de CO2 aprovada na conferência da ONU sobre biodiversidade realizada em Bona em Mai de 2008.
O Convénio de Londres para a Contaminação Marítima e o Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas da ONU proíbem também práticas deste tipo.
A favor da experiência, o instituto de investigação polar alemão Alfred Wegener AWI - cujo navio oceanográfico Polarstern está envolvido no mapeamento do fundo oceânico a fertilizar - invocou uma cláusula da decisão da ONU que estipula que a moratória não se aplica a "projectos de investigação científica de pequena escala".
A experiência hoje aprovada pela ministra alemã prevê a "fertilização" de uma área de 300 quilómetros quadrados no Atlântico Sul com seis toneladas de nanopartículas de minério de ferro.
O AWI considerou ainda que a experiência LOHAFEX contribuirá para uma melhor compreensão do papel dos oceanos no ciclo do carbono e permitirá medir o efeito potencial das algas microscópicas do fitoplâncton no teor de CO2 na atmosfera.
O fitoplâncton - que se encontra na base da cadeia alimentar e representa uma parte importante da biomassa marinha - absorve CO2 como parte do seu metabolismo e, depois de mortas, as algas microscópicas acabam depositadas nos fundos marinhos como sedimento, onde o CO2 absorvido permanece armazenado.
A eficácia da "fertilização" dos oceanos com minério de ferro é, no entanto, posta em questão desde Abril de 2007 depois da publicação na revista científica Nature dos resultados de um estudo realizado ao largo das ilhas Kerguelen - no sul do oceano Índico, entre o cabo da Boa Esperança e a Antártida - que revelou que a utilização do minério de
ferro será entre 10 e 100 vezes menos eficaz que os processos naturais, uma vez que cerca de 90 por cento do ferro lançado acaba por se dispersar sem produzir os efeitos desejados.
Organizações ambientalistas têm também advertido para os potenciais, e ainda desconhecidos, efeitos secundários da fertilização dos oceanos com ferro, desde o impacto das nanopartículas nos ecossistemas marinhos até às reacções químicas entre o ferro e a água salgada que poderão dar origem a gases como o protóxido de Azoto (N2O) que tem um efeito de estufa muito mais grave que o CO2.
Em Dezembro de 2007, o navio dos Estados Unidos "Weatherbird II", da empresa Planktos, aportou ao Funchal depois de ter sido proibido pelas autoridades das Canárias de espalhar várias toneladas de minério de ferro em águas do arquipélago espanhol.
A Planktos tinha também sido já proibida pelo governo do Equador de fertilizar 10 mil quilómetros quadrados de oceano a 350 milhas das ilhas Galápagos com 100 toneladas de nanoparticulas de ferro.

TINTO É SINAL DE MAIS SAÚDE

E se beber dois copos de vinho por dia ajudasse a limpar as artérias sanguíneas e a prevenir ataques cardíacos? Um médico e vinicultor australiano pensou nesta hipótese e afirma ter criado o vinho mais saudável do mundo, com características medicinais.
Philip Norrie, médico especialista em propriedades terapêuticas do vinho, dedicou os últimos três anos a observar pacientes que, segundo ele, morreram de doenças que poderiam ter sido prevenidas com um vinho medicinal. A fórmula consiste em adicionar doses extra de um polifenol antioxidante, mais conhecido por resveratrol, extraído da casca da uva, lê-se no site da BBC.
A cada litro de vinho, o médico junta até cem vezes mais resveratrol do que o habitual. Com esta dose adicional, a ingestão da bebida vai ajudar a limpar as artérias sanguíneas e a prevenir ataques cardíacos, derrames e até mesmo diabetes em 50%.
O poder do resveratrol
A substância já é conhecida por ajudar a combater ataques cardíacos, mas geralmente é usada apenas em reduzidas quantidades, que vão de três a seis miligramas por litro de vinho. Embora nesta bebida medicinal a dose seja bem maior, o médico garante que quem gosta de um bom copo de vinho não nota qualquer diferença no sabor.
"Os consumidores têm apenas de continuar a sua rotina, bebendo até dois copos, se forem mulheres, e entre três a quatro, no caso dos homens", explicou Norrie em entrevista à BBC. Quantidades excessivas "devem ser evitadas".
O MÉDICO PHILIP NORRIE
É um dos exemplos mais famosos da tradição australiana de médicos vinicultores, que existe há mais de 160 anos na Austrália. Norrie já escreveu oito livros relacionados com o vinho e a saúde. Actualmente está a trabalhar numa obra sobre a história do vinho na medicina nos últimos cinco mil anos.






PLANETA SEM MARCHA ATRÀS

Muitos efeitos nocivos das alterações climáticas são já basicamente irreversíveis. Mesmo que as emissões de dióxido de carbono sejam travadas, as temperaturas globais continuarão elevadas até pelo menos ao ano 3000.
A advertência é feita por uma equipa internacional de investigadores num estudo publicado na edição de hoje da revista norte-americana "PNAS" (Proceedings of the National Academy of Sciences).
"As pessoas imaginavam que se deixássemos de emitir dióxido de carbono (CO2), o clima voltaria à normalidade em 100 ou 200 anos. Isso não é verdade", afirma a principal autora do estudo, Susan Solomon, da Administração Nacional para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos.
A investigadora define como "irreversível" uma alteração que permaneceria 1000 anos mesmo se os humanos deixassem imediatamente de lançar carbono para a atmosfera.
O estudo é publicado depois de o Presidente Barack Obama anunciar medidas para melhorar a eficiência dos combustíveis e a qualidade do ar, com a justificação de que o futuro da Terra depende da diminuição da poluição do ar.
Nomeadamente, Obama ordenou o reexame imediato da rejeição pela Administração Bush da decisão da Califórnia de impor normas mais estritas que as federais para reduzir as emissões de CO2 dos automóveis.
Na perspectiva de Susan Solomon, "as alterações climáticas são lentas, mas imparáveis", um argumento mais a favor de uma acção rápida, para que a situação a longo prazo não piore.
A investigadora, pertencente ao Painel Internacional para as Alterações Climáticas da ONU, assinala no estudo que as temperaturas subiram em todo o planeta e que se observam alterações nos padrões de precipitação em áreas em torno do Mediterrâneo, da África Austral e do sudoeste da América do Norte.
O aquecimento climático está também na origem da expansão dos oceanos, que deverá aumentar com o degelo na Gronelândia e na Antártida, segundo os investigadores. "Não creio que tenha sido entendida a escala a muito longo prazo da persistência destes efeitos", sublinha Susan Solomon.
O aquecimento global tem sido até agora travado pelos oceanos, porque a água absorve muita energia, segundo os cientistas, mas esse efeito positivo desvanecer-se-á com o tempo, já que os oceanos acabarão por devolver ao ar o seu calor acumulado, mantendo o planeta mais quente.
O estudo conclui que deixar o CO2 atingir 450-600 partes por milhão (ppm) terá por consequências quebras persistentes de chuva nas estações secas comparáveis à seca do Dust Bowl na América do Norte, nos anos 1930, em zonas como o sul da Europa, o sudoeste da América do Norte, a África Austral e a parte ocidental da Austrália.
Esta diminuição de precipitação, que persistirá durante vários séculos, terá consequências diferentes segundo as zonas geográficas, desde a diminuição da água disponível a uma maior frequência de fogos, alterações de eco-sistemas e maior desertificação, conclui o estudo.
Os outros autores do trabalho são Gian-Kaspar Plattner e Reto Knutti, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, com sede em Zurique, e Pierre Friedlingstein, do Instituto Nacional de Investigação Científica, em Gif-sur-Yvette, França.
A investigação foi apoiada pelo Gabinete de Ciência do Departamento da Energia dos Estados Unidos.

O GENE DO CANCRO DA MAMA

Uma equipa de investigadores norte-americanos identificou um gene que desempenha um papel chave na propagação do cancro da mama e torna também os tumores mais resistentes à quimioterapia, segundo um estudo hoje publicado.
O gene, chamado Metaderina ou MTDH, está activo em 30 a 40% dos pacientes. Situado numa pequena região do cromossoma humano, este gene parece ser crucial para a formação de metástases, ao ajudar as células cancerosas a fixar-se aos vasos sanguíneos de outros órgãos do corpo.
A identificação do mecanismo genético envolvido na formação de metástases do cancro da mama poderá abrir caminho ao desenvolvimento de novos tratamentos capazes de neutralizar a actividade do gene e reduzir a mortalidade.
"Neutralizar esse gene nos pacientes com cancro da mama permitirá atingir simultaneamente dois objectivos importantes: reduzir o risco de recorrência do tumor e ao mesmo tempo a sua disseminação noutros órgãos", afirma num comunicado Yibin Kang, professor de Biologia Molecular na Universidade de Princeton (Nova Jersey) e principal autor do estudo.
"Estas são, clinicamente, as duas principais razões pelas quais os pacientes atingidos por cancro da mama sucumbem à doença", acrescenta o investigador, cujo trabalho vem hoje publicado na revista 'Cancer Cell'.
"Não só foi exposto um novo gene responsável pelas metástases do cancro, como se trata também de um desses poucos genes cujo modo de acção preciso foi esclarecido", comenta Michael Reiss, director do programa de investigação sobre cancro no Cancer Institute de Nova Jersey e um dos co-autores do estudo.
"Esta descoberta permitirá desenvolver um medicamento capaz de neutralizar o mecanismo de metástases do cancro", considera. Os investigadores descobriram também que o gene MTDH poderá também explicar a progressão e propagação de outros tipos de cancro, como o da próstata.
O estudo foi financiado pelo Departamento da Defesa, os Institutos Nacionais de Saúde e a Sociedade Americana do Cancro.
Apesar de não ser dos mais letais, o cancro da mama tem uma alta incidência e uma alta mortalidade, sobretudo na mulher, sendo que apenas um em cada 100 cancros se desenvolve no homem.
Em Portugal, com uma população feminina de 5 milhões, surgem actualmente 4.500 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja 11 novos casos por dia, morrendo diariamente quatro mulheres com esta doença, segundo dados da Liga Portuguesa contra o Cancro.

O AUTÊNTICO AMANTE DO RELVADO

Esta é mais uma história curiosa no mundo do futebol, e até com contornos de fantasia, não fosse o croata Dino Drpic ter ficado em 'maus lençóis'. A mulher do internacional croata revelou, numa entrevista televisiva, que o casal tinha feito sexo no meio do relvado do estádio do Dínamo de Zagreb.
Por isso, o futebolista de 27 anos, que já não estava a passar um bom momento no clube, devido ao seu alegado vício com o jogo, foi agora colocado na lista de transferências. A profanação do 'templo sagrado' do Dínamo foi o pretexto que faltava aos dirigentes do emblema croata para tentarem ver-se livres de Drpic.
"O Dino conseguiu que os funcionários deixassem as luzes do estádio acesas e finalmente satisfez o seu sonho de fazer sexo no relvado de um estádio de futebol. Foi uma coisa muito 'marota'", revelou Nives Celzijus, mulher do internacional croata.
A fantasia do jogador croata aconteceu poucos dias antes do encontro entre a Croácia e a Inglaterra, de qualificação para o Euro-2008, que a selecção britânica perdeu por 2-0.
A modelo e ex-coelhinha da "Playboy", de 27 anos, deu a entrevista ao canal sérvio para promover o seu livro intitulado "Gola Istina" - que significa "A verdade nua" -, mas acabou por complicar ainda mais a carreira de Drpic. O defesa actuou toda a sua carreira no Dínamo de Zagreb (201 jogos e 13 golos) mas terá de começar a procurar outras paragens para continuar no futebol profissional.
Já no verão passado Drpic preencheu muitas páginas da imprensa britânica devido a um caso relacionado com Madeleine McCann, a menina que desapareceu no Algarve. O casal passava férias na ilha croata de Krk, quando turistas britânicos tentaram levar o seu filho, de cabelo comprido louro, por pensarem tratar-se de Maddie. Contudo, a senhora que agarrou o filho de Drpic apercebeu-se do engano e pediu desculpa ao futebolista croata.

AS MENINAS FRANCESAS E ANGOLA

Numa recente audiência relativa ao processo 'Angolagate', o tribunal de Paris abordou os pagamentos a cerca de 50 jovens raparigas que, entre os anos 1997 e 2000, acompanharam na capital francesa ministros e altos funcionários angolanos.
A acusação sustenta que Pierre Falcone, o cérebro do negócio de uma venda de armas russas a Angola, em julgamento há mais de três meses em Paris, pagou mais de 500 mil euros em dinheiro vivo por estes serviços.
Quando foi insinuado que, além da companhia, as jovens prestavam outro tipo de préstimos aos angolanos, Falcone desabafou: "Ouvi tantas coisas no decorrer destes nove anos de tortura que essa é mais uma". A resposta de uma magistrada foi imediata: "Ainda vai ouvir pior, por isso prepare-se".
"Pretendia assegurar o melhor acolhimento possível às delegações", acrescentou o franco-brasileiro-angolano, que continua a apresentar-se no tribunal como tendo sido na época "mandatário" em Paris do Governo angolano.
As acompanhantes eram recrutadas por uma intermediária. "Tinham de ter boa apresentação, falar inglês e mostrarem-se discretas e acolhedoras", explicou a senhora, arguida no processo tal como mais de 40 outras pessoas, a maioria acusadas de terem recebido luvas para facilitarem o negócio da compra das armas por Angola, nos anos 1990.
Além dos pagamentos em dinheiro, algumas raparigas receberam prendas suplementares. Uma delas recebeu um carro Volkswagen Polo.
Apenas três das jovens compareceram na audiência e nenhuma evocou "outros serviços" aos angolanos. "Servíamos o café e o chá", disse uma delas. "O senhor Falcone foi sempre de uma gentileza e educação irrepreensíveis", acrescentou.
"Ele era como um pai para mim", disse outra, depois de ter informado que ele foi seu fiador para a compra de um apartamento.
A intermediária que recrutava as acompanhantes confirmou também ter comprado para os angolanos lugares para assistirem a partidas de ténis do torneio de Roland Garros e alugado um camarote no Estádio de França para o Mundial de 1998. Este último custou 300 mil euros.
O julgamento deste caso de "venda ilegal de armas" e corrupção atinge personalidades francesas e angolanas de primeiro plano e decorre em Paris até fins de Março.
Nenhum angolano foi constituído arguido, apesar de no processo serem citados diversos nomes, entre eles o do Presidente José Eduardo dos Santos.

TUBARÃO NÃO GOSTA DE ESPANHÓIS

Um tripulante do pesqueiro espanhol "Nuevo Cedes" foi mordido por um tubarão no mar dos Açores. De nacionalidade espanhola, a vítima, de 49 anos, ficou ferida no antebraço esquerdo.
O homem foi imediatamente recolhido pelo navio hospital "Juan de la Costa" - que presta auxílio a embarcações pesqueiras da Comunidade Europeia no Atlântico Norte - , mas acabou por ter de ser evacuado pela Força Aérea Portuguesa para o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
A evacuação aeromédica foi solicitada pouco depois das seis horas da manhã e a recuperação, através do sistema de guincho de um helicóptero Puma, foi concretizada às 8h45 a 240 quilómetros a Sudoeste do Faial. O pescador foi transportado para a Base Aérea Nº4 e daí transferido para um Aviocar, que o levou até ao Aeroporto de Ponta Delgada. Ali, uma ambulância aguardava a vítima para a transportar até ao hospital da cidade.
As circunstâncias em que o tripulante espanhol foi atacado ainda são desconhecidas, mas pode ter ocorrido durante a descarga das redes para bordo. O caso não é inédito nas missões de resgate da Força Aérea Portuguesa naquelas águas.